Deolindo Couto, Patrono da Cadeira 50 da ABR

Deolindo Couto, Patrono da Cadeira 50 da ABR

Médico, escritor, foi reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, presidente da Academia Brasileira de Medicina por três vezes e membro da Academia Brasileira de Letras.

Deolindo Augusto de Nunes Couto nasceu Teresina, Piauí, no dia 11 de março de 1902, filho de um magistrado, Henrique José Couto, e de Maria Nazaré Nunes Couto. Morreu no Rio de Janeiro, aos 90 anos de idade, dia 30 de maio de 1992.
Estudou nos liceus de Teresina e de São Luís do Maranhão, vindo depois para Salvador, onde se matriculou na Faculdade de Medicina, contrariando a vontade do seu pai, que o queria formado em Direito.
Desde os seus tempos de acadêmico na Bahia, já demonstrava uma vocação inata para a Medicina, conquistando a invejável posição de primeiro aluno de sua Turma e transferindo-se depois para o Rio, onde finalmente se formou na Faculdade de Medicina do Estado.
Fundou e dirigiu o Instituto de Neurologia, instalado inicialmente na Rua da Glória. Foi médico do Serviço Nacional de Doenças Mentais. Recebeu o título de Doutor Honoris Causa das Universidades Federais da Bahia e do Piauí. Foi professor emérito, vice-reitor e reitor da Universidade do Rio de Janeiro. Pertenceu aos Conselhos Federais de Cultura e de Educação, sendo deste último seu presidente.
Elegeu-se membro da Academia Brasileira de Letras e da Academia Nacional de Medicina, que presidiu em três biênios descontínuos, além de pertencer a outras instituições científicas no estrangeiro, como membro honorário das Sociedades Espanhola, Francesa, Americana e Argentina de Neurologia, da Multiple Sclerosis Society, e sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
A medicina foi sempre a sua predestinação, servindo-a com o espírito de cientista e destacando-se desde o início de sua carreira, no viés e na vertente de um admirável renovador.
Em 1944, publicou o livro Clínica neurológica. Em 1945, foi o autor de um trabalho sobre O tremor parksoniano e a via piramidal. Em 1961, escreveu o livro de crítica Dois sábios ibéricos e o livro de ensaios Vultos e ideias. Em 1976, publicou Afrânio Peixoto, professor e homem de ciência. E em 1980, Clementino Fraga, o médico, bem como numerosas conferências, relatórios, artigos e memoriais, publicados aqui e em vários outros países.
Deolindo Couto foi um homem todo especial: ao mesmo tempo catedrático de Medicina, reitor da Universidade do Rio de Janeiro, presidente da Academia Nacional de Medicina, por três vezes e membro desta ABL, conferencista no Brasil e no Exterior, com viagens anuais à Europa, ainda conseguia manter um consultório, onde diariamente atendia a dezenas de clientes.
Mas não eram doentes do estômago, do fígado, dos ossos, dos pulmões ou dos rins, mas sim doentes da alma, da cabeça, do espírito, dos nervos e da psiquê, necessitados de tratamentos mais delicados, mais longos e mais trabalhosos.
Ao final do dia, naturalmente estressado, ele fechava o consultório e, em casa, refugiava-se em Camões, Camilo, Bilac, Euclides, Machado, Fagundes Varela e Gonçalves Dias.
Conseguiu a façanha de ser, simultaneamente, um grande médico e um admirável intelectual.
Deolindo Augusto de Nunes Couto é o patrono da Cadeira 50 da Academia Brasileira de Reumatologia (ABR), que tem como membro Titular o reumatologista professor doutor Marco Antonio Araújo da Rocha Loures.